Uma reflexão sobre segurança e percepção social.
Em Caxias, é comum observar motociclistas circulando sem capacete. Para muitos, a razão não está no simples descumprimento da lei, mas em algo mais complexo: o medo dos olhares e do julgamento alheio.
A questão ganhou força após declarações do secretário de Segurança sobre a necessidade de impor ordem e exigir o uso do equipamento. Embora a medida seja correta e prevista em lei, a população questiona se a segurança pública, que deveria ser garantida pelo Estado, está realmente funcionando.
A falta de concursos para reforçar o efetivo policial, a ausência de métricas claras de combate à criminalidade e outras falhas estruturais acabam deixando a sensação de que o problema maior não é o capacete, e sim a própria insegurança.
O estigma também pesa: muitos afirmam que, ao andar de capacete, especialmente se estiverem com outra pessoa na garupa, acabam sendo vistos como suspeitos. Assim, quem “é do bem” muitas vezes prefere arriscar sem o equipamento, para não ser confundido com criminosos.
A cobrança do uso correto do capacete é válida, mas só terá plena adesão quando a população se sentir segura. Uma proposta simbólica seria todos voltarem a usar capacete, inclusive os que fazem a lei, quando os índices de assaltos diminuírem de forma consistente. Até lá, o desafio é duplo: proteger vidas no trânsito e, ao mesmo tempo, garantir segurança nas ruas.